sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Camelote

Mário Lino, MOP do Governo do Engº Sócrates, chamou-me de Camelo...! A mim e a mais não sei quantos milhares de «Touareg» que habitam a região Sul dos Portugais, entre o Sahara e o Tejo... Camelote.
Não sei em que reino habito, apenas me foi dito que para lá das dunas que me afastam do horizonte existem granhdes metrópoles, onde se situam os centros de decisão de um certo Estado de direito e onde, refastelados no alto de suas poltronas, os ministros põem e dispõem como bem entendem. Reitero a ideia de que são necessárias reformas profundas para que se leve a bom porto o desenvolvimento da Europa economicista de que - acho - fazemos parte, no entanto julgo também necessário que as coisas se façam pautadamente e de forma equilibrada.
O desnível existente entre Portugal e potências como o Reino Unido ou a Alemanha revela que os nossos governantes não percebem muito de geografia, pois querem, do dia para a noite, que acompanhemos o evoluir natural desses países no mesmo patamar deles. Isso, presentemente, é impossível. Os ordenados em Portugal, que deveriam servir como balança para nos equipararmos com o nível de vida dos nossos concidadãos europeus, são um mísero exemplo de que estamos a anos-luz do poder de compra do resto da Europa e cada vez temos menos, pelo menos alguns de nós.
Apesar de todas as discrepâncias, Portugal ainda consegue gastar mais dinheiro que muitos dos nossos parceiros sediados em Bruxelas. Vamos ter um Aeroporto completamente novo, em pleno deserto onde não há escolas ou hospitais - disse-o Mário Lino -, temos dez estádios de futebol novos ou praticamente novos que, após as derrapagens, deram milhões de prejuízo - alguns ainda dão -, mas elevaram-nos o ego por termos feito o melhor Europeu de sempre, temos Universidades a fechar por corrupção dos seus donos, soltamos os assassinos e os gatunos, deixamos entrar pelas nossas fronteiras tudo o que é rejeitado pelos outros, temos os agentes da autoridade sem condições para nos defender - os assaltantes têm arsenais militares e os nossos agentes fundas -, enfim temos quase todos os requisitos para nos elevarmos a país evoluído e desenvolvido socialmente.
Não consigo compreender como é possível estar-se no Parlamento descansadinho da vida enquanto cá fora há fome e miséria, falta de dinheiro e assassinatos, corrupção e falta de legislação penal ou falta de quem a aplique a sério por não ter condições de trabalho.
Os nossos doentes, para conseguirem operações e tratamentos, deslocam-se a Cuba e ganham anos de vida, quando por cá apenas ganhariam anos de espera.
Lança-se o apelo aos governantes para que abram os olhos e para que venham cá a baixo ver isto.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Nos Tempos idos do Escudo

Sr. José Sócrates, Sr. Manuel Pinho e restantes Srs. Ministros... Srs. Deputados da Nação. Não é minha intenção sentenciar aquilo que tendes o prazer de fazer, decidir o futuro dos Portugueses. Não é minha intenção culpar-vos de todos os males da Lusitana pátria, pois esses têm mais anos do que vós tendes de Governo.
Este espaço serve apenas para não deixar esquecer, a partir de hoje, o ridículo que cobre de negras vestes os olhos de cada Português, os olhos das Mães, dos Pais e dos filhos que não têm emprego, pão ou leite.
Nasci em Fevereiro de 1970, ano do óbito do "último" ditador de Portugal (27 de Julho), obviamente não me recordo, presencialmente, da Revolução dos Cravos, apenas tinha quatro anos de idade, mas hoje tenho 38 anos e desejo esquecer muitas das coisas que insistentemente me obrigam a presenciar. Não sendo extremista, nem abusivamente nacionalista, orgulho-me de ter nascido Português, descendente de um valoroso povo de descobridores que têm na história o seu maior motivo de satisfação. Estamos cá desde 1143, há 865 anos.
Nestes 38 anos de vida, pelo menos desde que me lembro, vi muitas coisas boas tornarem-se más e muitas coisas más continuarem más. Pouco é o mau que se torna bom ou o bom que bom se mantém.
É bom termos uma selecção que nos faz vibrar nos mundiais e europeus da nossa vida, mas é mau usarem essa selecção para nos fazer esquecer a crise que nos envolve, é bom termos o Euro (€), mas é mau pagarmos por ele da forma como pagamos... enfim, é bom sermos Portugueses, mas é muito mau quando os nossos nos tomam por parvos.
Na mudança de século cheguei a pensar que começava a ver naves espaciais a passear pelo meu Alentejo, a regar as searas que já existiram, a poupar os velhotes que durante dezenas de anos trabalharam de Sol a Sol para um regime egoísta, que supostamente tinha acabado, mas... em abono da verdade, cada vez vejo mais deserto de Sol a Sol a comer o chão que piso. Adeus Alentejo, até mais ver!
O Estado liberalizou o Euro (€), deixou os donos do dinheiro escravizar a nova moeda, tornando a vida duplamente cara. Embora saiba que este texto e que as minhas teses dificilmente chegarão aos vossos ouvidos, desavergonhadamente vos pergunto: Quanto ganham? Quanto descontam? Que carros têm os senhores? Como conseguem vocês viver com esta crise? - Mas depois acordo!
Posso dizer que ainda sou do tempo em que bebia um café por cinquenta escudos, em que um mais ou menos bom ordenado rondava 120000$00, mas também sou do tempo (no ano seguinte) em que passei a beber um café por cinquenta cêntimos, em que um mau ordenado passou a ser de 600 €.
Hummm!!! Há algo estranho nesta conversa... cinquenta cêntimos são 100$00, o café passou para o dobro e os ordenados aumentaram 24%? O leite passou de 50$00 para 1,20 € (240$00)? E a gasolina...
Senhores economistas, eu pago mais ou menos impostos agora? Será possível que alguém me explique isto?